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O Maestro da Beira do Campo: A Jornada de Carlo Ancelotti até a Seleção Brasileira

Carlo Ancelotti Seleção Brasileira

O Maestro da Beira do Campo: A Jornada de Carlo Ancelotti até a Seleção Brasileira

O nome Carlo Ancelotti ecoa nos salões da glória do futebol mundial com uma reverência que poucos treinadores alcançaram. Conhecido por sua calma inabalável, sua flexibilidade tática e um currículo de títulos que parece não ter fim, o italiano transcendeu a figura do técnico para se tornar um verdadeiro maestro à beira do campo. 

Sua jornada é uma odisseia por alguns dos maiores clubes do planeta, onde ele conquistou todas as grandes ligas europeias e se tornou o único treinador a vencer a UEFA Champions League quatro vezes. Agora, Ancelotti embarca no desafio final de sua carreira: comandar a Seleção Brasileira, a maior potência do futebol mundial, em uma busca histórica pelo hexacampeonato.

Primeiros Passos: Do Gramado à Prancheta (Anos 80 e 90)

A história de Ancelotti como treinador não pode ser contada sem antes mergulhar em sua carreira como jogador. Nascido em Reggiolo, na Itália, em 1959, Ancelotti foi um meio-campista talentoso e inteligente, que atuou em clubes de grande prestígio como a Roma e, principalmente, o lendário AC Milan de Arrigo Sacchi. 

Foi sob a tutela de Sacchi que ele aprendeu as bases do “jogo de zona” e a filosofia tática que se tornaria a marca registrada do time. Essa experiência foi a escola de Ancelotti, onde ele absorveu a complexidade tática do jogo de uma forma que poucos jogadores conseguem.

Após pendurar as chuteiras, sua transição para a prancheta foi natural. O primeiro desafio como técnico principal veio no Reggiana, onde ele conquistou o acesso para a Serie A, um feito que chamou a atenção de clubes maiores. Em seguida, assumiu o Parma, construindo uma equipe forte e competitiva que se classificou para a Liga dos Campeões e revelou o potencial de jogadores como Hernán Crespo e Gianluigi Buffon. Ancelotti já demonstrava sua habilidade de montar elencos e extrair o melhor de seus jogadores.

A Ascensão na Itália: De Juventus a AC Milan (1999-2007)

Sua primeira grande chance em um gigante italiano foi na Juventus. Embora tenha tido um período de solidez, ele não conseguiu conquistar o título da Serie A. Foi uma fase de aprendizado, onde ele aprimorou suas ideias e sua capacidade de lidar com a pressão de um grande clube.

No entanto, o ciclo mais glorioso de sua carreira na Itália viria no AC Milan. Assumindo a equipe em 2001, Ancelotti transformou o time em uma potência europeia. Sua maior inovação tática foi a de deslocar o meia Andrea Pirlo para a posição de “regista” (o organizador à frente da defesa), uma decisão que revolucionou o futebol e se tornou um modelo para muitos treinadores. Com um elenco repleto de estrelas como Kaká, Maldini, Shevchenko e Gattuso, Ancelotti conquistou:

  • Duas UEFA Champions League (2003 e 2007), uma vitória que marcou a vingança pela final perdida em 2005 para o Liverpool.
  • Um título da Serie A.
  • Um Mundial de Clubes da FIFA. Esse período no Milan cimentou sua reputação como um treinador capaz de gerir grandes egos e, acima de tudo, de vencer em palcos internacionais.

Conquistando a Europa: De Londres a Paris (2009-2013)

Sua próxima jornada o levou para a Premier League, onde assumiu o Chelsea. Ancelotti causou um impacto imediato, conquistando o título da Premier League e da FA Cup em sua primeira temporada, um feito conhecido como “a dobradinha”. Seu sucesso na Inglaterra mostrou que sua filosofia de jogo, baseada na disciplina e no respeito mútuo, podia funcionar em qualquer liga.

Em seguida, ele foi para o Paris Saint-Germain (PSG), que estava em seu projeto de se tornar uma potência europeia. Ancelotti foi fundamental na transição do clube. Com a chegada de jogadores de alto calibre como Zlatan Ibrahimović, ele liderou o time na conquista do título da Ligue 1, o primeiro do clube em 19 anos, e colocou o PSG no mapa da Liga dos Campeões.

A Glória Espanhola e o Desafio Alemão (2013-2017)

Em 2013, Ancelotti assumiu o comando do Real Madrid, onde sua lenda se consolidaria de forma definitiva. A missão era clara: conquistar a tão sonhada “La Décima”, o décimo título de Liga dos Campeões do clube, que escapava há 12 anos. Ancelotti teve sucesso em sua primeira temporada, liderando o time em uma vitória emocionante contra o Atlético de Madrid na final. O título de 2014 foi um dos mais celebrados da história do clube e colocou Ancelotti em um patamar de imortalidade.

Após sua saída do Real, ele assumiu o Bayern de Munique na Alemanha. Lá, ele venceu o título da Bundesliga em sua primeira temporada, tornando-se o único treinador na história a conquistar o título nas cinco principais ligas europeias (Itália, Inglaterra, França, Espanha e Alemanha). No entanto, sua passagem pela Alemanha foi curta, e ele partiu em busca de novos desafios.

O Retorno Triunfal e a Chegada ao Brasil (2018-2024)

Ancelotti passou por Napoli e Everton antes de seu retorno ao Real Madrid em 2021. Em sua segunda passagem, ele conquistou um sucesso ainda maior, superando todas as expectativas. Na temporada 2021-2022, ele venceu o Campeonato Espanhol e a UEFA Champions League, a 14ª do clube, tornando-se o primeiro e único treinador na história a vencer a competição quatro vezes.

Foi nesse ponto alto da carreira que a Seleção Brasileira, em busca de um treinador capaz de liderar o país de volta ao topo, começou a cortejar Ancelotti. A saga foi longa, e a chegada de um técnico estrangeiro ao comando da Seleção foi um marco histórico. A contratação de Ancelotti foi vista como um símbolo de uma nova era, onde o Brasil busca não apenas o talento, mas a disciplina, a calma e a experiência de um treinador que sabe como vencer os maiores títulos do futebol mundial.

A Filosofia do Maestro: O Toque de Ancelotti

A grandeza de Ancelotti não está em um único esquema tático, mas em sua filosofia de jogo e gestão. Ele é conhecido por seu man-management, sua habilidade em lidar com os jogadores e extrair o melhor de cada um, sem confrontos e com muito respeito. Sua flexibilidade tática, conhecida como “cebolismo”, permite que ele adapte o time ao talento disponível, em vez de forçar os jogadores a se encaixarem em um sistema rígido. Sua chegada ao Brasil é a esperança de que essa filosofia possa, enfim, guiar a Seleção ao hexacampeonato.

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