No mundo do esporte, especialmente no futebol e em outras modalidades de grande visibilidade, muito se fala sobre salários milionários, contratos publicitários e negócios fora dos gramados. Um dos temas centrais que envolve essa estrutura financeira é o chamado “direito de imagem”. Mas afinal, o que são os direitos de imagem e como eles influenciam diretamente nas finanças dos atletas?
Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que significa esse termo, como ele é utilizado nos contratos esportivos, os benefícios e desafios envolvidos, e de que maneira os direitos de imagem impactam a vida financeira e até mesmo a carreira de um jogador profissional.
O que são os direitos de imagem?
Os direitos de imagem estão previstos na legislação brasileira e internacional e dizem respeito ao uso da imagem de uma pessoa – ou seja, sua aparência, rosto, corpo, voz, nome e tudo aquilo que permita identificá-la – em produtos, campanhas, vídeos, transmissões ou qualquer forma de exposição pública.
No contexto esportivo, isso se aplica quando a imagem de um atleta é usada para promover um clube, uma marca ou um patrocinador. Esses direitos são protegidos por lei e não podem ser utilizados sem autorização, especialmente para fins comerciais.
Por exemplo, quando a imagem de um jogador é usada em um comercial de TV, em uma campanha nas redes sociais, em games ou mesmo na divulgação de uniformes, isso envolve um acordo de direitos de imagem que pode render valores expressivos.
Como funcionam os contratos de imagem no esporte
Em geral, os jogadores profissionais possuem dois tipos principais de contrato: o contrato de trabalho (que estabelece o vínculo com o clube e define o salário mensal) e o contrato de cessão de direitos de imagem (que permite ao clube ou patrocinador usar a imagem do atleta de forma comercial).
Essa segunda parte do contrato costuma ser negociada separadamente, e o valor pago por essa cessão pode ser significativo, muitas vezes ultrapassando o próprio salário do jogador.
É comum que esses acordos sejam feitos por meio de uma empresa que representa o atleta – geralmente uma empresa do próprio jogador ou da sua assessoria – para fins de organização tributária e jurídica. No entanto, é importante que isso seja feito dentro das normas legais, evitando fraudes ou uso indevido.
O impacto financeiro dos direitos de imagem
Os direitos de imagem representam uma importante fonte de renda para os atletas. Em alguns casos, especialmente no futebol europeu ou entre grandes estrelas, o montante recebido pela imagem supera os valores pagos em salários.
Esse tipo de receita permite que o jogador diversifique sua fonte de rendimentos, construa um patrimônio mais sólido e explore sua marca pessoal além do esporte.
Além disso, muitos atletas investem na própria imagem de maneira estratégica, fortalecendo sua presença em redes sociais, investindo em assessoria de comunicação e estabelecendo parcerias com marcas renomadas. Tudo isso pode resultar em contratos mais vantajosos e duradouros.
Por outro lado, é necessário cuidado com a gestão desses contratos. Má administração, acordos mal redigidos ou conflitos com patrocinadores podem afetar negativamente a imagem do atleta e gerar prejuízos financeiros e jurídicos.
Clubes também se beneficiam dos direitos de imagem
Os clubes de futebol e outras organizações esportivas também lucram com os direitos de imagem de seus atletas. Quando um jogador se torna popular, ele atrai mais torcedores, patrocínios, venda de produtos licenciados e até mesmo maior audiência para transmissões.
Por isso, os clubes investem pesado em estratégias de marketing que envolvem a imagem de seus principais atletas. Um bom exemplo é o que acontece com estrelas internacionais como Lionel Messi, Cristiano Ronaldo ou Neymar, cujas imagens são amplamente exploradas pelos clubes e parceiros comerciais.
Em contrapartida, os clubes precisam cumprir rigorosamente os pagamentos acordados e manter a imagem institucional em harmonia com a do jogador. Conflitos relacionados ao uso da imagem são comuns e muitas vezes vão parar na Justiça.
Exemplos famosos e polêmicas envolvendo direitos de imagem
Vários atletas famosos já se envolveram em disputas judiciais envolvendo o uso de suas imagens. Neymar, por exemplo, travou batalhas jurídicas tanto no Brasil quanto na Espanha sobre valores recebidos por contratos de imagem enquanto atuava pelo Santos e depois pelo Barcelona.
Outro exemplo é o de jogadores que alegam não receber o valor integral acordado pelos direitos de imagem, o que configura inadimplência contratual e pode gerar ações legais contra os clubes.
Também há casos em que atletas não autorizam o uso de sua imagem em videogames, documentários ou campanhas publicitárias, exigindo compensações financeiras ou a exclusão do material.
Essas situações mostram a complexidade e a importância de se tratar o tema com seriedade e com o devido suporte jurídico.
A influência do fair play financeiro
O fair play financeiro, implementado por entidades como a UEFA, busca manter o equilíbrio econômico entre os clubes, exigindo transparência nos gastos e receitas. Os direitos de imagem fazem parte dessa equação.
Se mal utilizados, esses contratos podem ser uma forma de burlar o teto de gastos com salários. Por isso, os órgãos reguladores têm apertado o cerco sobre esse tipo de acordo, exigindo comprovação e rastreabilidade dos pagamentos.
Dessa forma, clubes e jogadores precisam seguir regras claras para evitar sanções, perda de pontos ou exclusão de torneios.
Direitos de imagem e o futuro do marketing esportivo
Com o crescimento das redes sociais, streaming, plataformas digitais e o avanço da inteligência artificial, os direitos de imagem tendem a ganhar ainda mais protagonismo.
Atletas agora são influenciadores digitais, donos de suas próprias marcas e canais de comunicação. Muitos já firmam contratos com grandes marcas diretamente, sem passar necessariamente pelos clubes. Essa autonomia cria um novo modelo de negócio no esporte, mais personalizado e direto com o público.
Além disso, novos debates surgem, como o uso da imagem de atletas em vídeos criados por inteligência artificial, deepfakes e realidades aumentadas. Isso amplia o campo de atuação, mas também exige regulamentações específicas e maior controle sobre o uso da identidade visual dos esportistas.
Conclusão
Os direitos de imagem são uma peça-chave na construção da carreira e da estabilidade financeira dos atletas modernos. Muito além do campo ou da quadra, eles envolvem questões legais, estratégicas e comerciais que exigem atenção e profissionalismo.
Para os jogadores, é uma oportunidade de rentabilizar sua fama e ampliar sua presença no mercado. Para os clubes, representa uma ferramenta poderosa de marketing e geração de receita. No entanto, tudo isso precisa ser feito com ética, clareza contratual e dentro das normas legais para evitar prejuízos.
Com a evolução do esporte, da tecnologia e da comunicação, os direitos de imagem continuarão sendo tema central nas negociações e nas estratégias de quem vive e investe no mundo esportivo. Entender esse conceito é fundamental para atletas, empresários e também para os torcedores que desejam conhecer melhor os bastidores do jogo.
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